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adoradas, na verdade acredita que há um poder divino nas imagens, e ouve dizer a seus pastores que algumas
delas falaram, e sangraram, e que foram feitos milagres por elas, o que ele entende como tendo sido feito pelo
santo, que pensa que é a própria imagem, ou que está nela. Os israelitas, quando adoraram o bezerro,
pensavam na verdade que adoravam o Deus que os trouxera para fora do Egito, e contudo era idolatria,
porque pensavam que o bezerro fosse Deus, ou que o tinha na sua barriga. E muito embora alguns homens
possam pensar que é impossível o povo ser tão estúpido a ponto de julgar que uma imagem seja Deus ou um
santo, ou de adorá-lo naquela idéia, é contudo manifesto pelo contrário nas Escrituras que quando foi feito o
bezerro de ouro, o povo disse Estes são teus deuses, ó Israel, e que as imagens de Labão eram denominadas
seus deuses. E todos os dias vemos por experiência em toda a espécie de povo que aqueles homens que nada
estudam, exceto sua alimentação e bem-estar, contentam-se com acreditar qualquer absurdo, de preferência a
preocuparem-se com seu exame, defendendo sua crença como se ela fosse por vínculo inalienável, exceto
com uma lei expressa e nova.
Mas inferem de alguns outros trechos que é legítimo pintar anjos e também o próprio Deus, como,
por exemplo, Deus caminhando no jardim, ou Jacob vendo Deus no cimo da escada, ou outras visões e
sonhos. Mas as visões e sonhos, quer naturais, quer sobrenaturais, não passam de fantasmas, e aquele que
pinta uma imagem de qualquer deles não faz uma imagem de Deus, mas de seu próprio fantasma, o que
significa fazer um ídolo. Não digo que fazer um quadro de acordo com uma fantasia seja pecado, mas quando
é desenhado para ser considerado como uma representação de Deus é contra o segundo mandamento e não
pode ser de nenhum uso exceto para o culto. E o mesmo pode ser dito das imagens dos anjos e dos mortos, a
menos que se trate de monumentos de amigos ou de homens merecedores de serem lembrados, pois esse uso
de uma imagem não é o culto da imagem, mas uma veneração civil, não da pessoa que é, mas da que foi; mas
quando é feito à imagem que fabricamos de um santo, sem qualquer outra razão além de pensarmos que ele
ouve nossas rezas e fica satisfeito com as honras que lhe prestamos, quando morto e sem sentidos, atribuímos-
lhe mais do que um poder humano, e portanto é idolatria.
Dado portanto que não existe autoridade nem na lei de Moisés, nem no Evangelho, para o culto
religioso de imagens, ou de outras representações de Deus, que os homens erigiram para si próprios, ou para o
culto da imagem de qualquer criatura no céu ou na terra ou sob a terra, e visto que os reis cristãos, que são os
representantes vivos de Deus, não devem ser adorados por seus súditos por nenhum ato que signifique uma
estima de seu poder maior do que a natureza do homem mortal é suscetível, não pode conceber-se que o culto
religioso agora em uso tenha sido trazido para a Igreja por uma má interpretação das Escrituras. Resta
portanto a hipótese de que foi nela deixado pelo fato de não se terem destruído as próprias imagens na altura
da conversão dos gentios que as adoravam.
A causa disso era a estima imoderada e os preços atribuídos a seu artificio, que fazia que os
possuidores (muito embora convertidos, por as adorarem como tinham feito religiosamente com os demônios)
as conservassem ainda em suas casas, com o pretexto de o fazerem em honra de Cristo, da Virgem Maria, e
dos apóstolos, e outros pastores da Igreja primitiva, por ser fácil, dando-lhes novos nomes, tornar numa
imagem da Virgem Maria, e do seu Filho nosso Salvador, aquilo que antes era denominado a imagem de
Vênus e de Cupido, e assim de um Júpiter fazer um Barnabé, e de um Mercúrio um Paulo, e assim por diante.
E assim como a mundana ambição crescendo gradualmente nos pastores os levou a procurar agradar aos
recentes cristãos, e também a um gosto por esta espécie de honras que também eles podiam esperar depois de
sua morte, assim como aqueles que as tinham já ganho, do mesmo modo o culto das imagens de Cristo e de
seus apóstolos tornou-se cada vez mais idólatra, exceto alguns tempos depois de Constantino, quando vários
imperadores e bispos e concílios gerais observaram sua ilegitimidade, e condenaram-na, mas era demasiado
tarde ou fizeram-no de maneira demasiado fraca.
A canonização de santos é um outro vestígio de gentilismo. Nem é uma má interpretação das
Escrituras nem uma nova invenção da Igreja romana, mas um costume tão antigo como o próprio Estado de
Roma. 0 primeiro a ser canonizado em Roma foi Rômulo, e isto devido à narrativa de Julius Proculus, que
jurou diante do Senado ter falado com ele depois de sua morte, e ter-lhe assegurado que morava no céu e lá
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